domingo, 27 de julho de 2008

PontoCinema acontecerá dia 02/08/2008 em local a ser revelado


VOCÊ SABE O QUE É A MORAL?





SOZINHO CONTRA TODOS (SEUL CONTRE TOUS) – GASPAR NOÉ

MORAL

OS DESDOBRAMENTOS DA VIDA DE UM AÇOUGUEIRO FRANCÊS REVELAM UMA TRAJETÓRIA DESGOVERNADA. DE SEUS PENSAMENTOS EMERGE A LOUCURA. VOZ INTERNA EXTERNADA EM VIOLÊNCIA EXTREMA.

JUSTIÇA

O AÇOUGUEIRO E CYNTHIA EM CONFLITOS MENTAIS. ENQUANTO O AÇOUGUEIRO PENSA, CYNTHIA SE CALA. O SILÊNCIO DO AÇOUGUEIRO É PERTURBADOR, PERCEBIDO EM SEU OLHAR. CYNTHIA ESTÁ SOZINHA. MAIS TARDE ELA REAPARECE. REENCONTRA SEU PAI, QUE A RETIRA DO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO E A LEVA PARA O QUARTO DE HOTEL EM QUE FOI CONCEBIDA, 15 ANOS ANTES.

VOCÊ TEM 30 SEGUNDOS PARA DECIDIR SE VAI ASSISTIR O FILME!

Obs:ofilmecontémcenasdeviolência,nudez,sexo,psicosesmentaisealém.

“VIVER É UM ATO EGOÍSTA.”


Aterrorizante! Talvez essa possa ser uma palavra adequada para definir SEUL CONTRE TOUS (1998), primeiro longa do diretor franco argentino Gaspar Noé. O filme conta a história de um açougueiro de cavalos do subúrbio parisiense, história que teve início no média CARNE (1991), que é apresentado de forma breve no começo do filme, como se estivesse reavivando a memória dos que assistiram e situando os que assistem a história pela primeira vez. O filme continua a história iniciada no média-metragem "Carne", apesar do intervalo de sete anos que separa as duas produções. Em Carne, somos apresentados ao açougueiro de carne de cavalo (brilhantemente interpretado por Philippe Nahon) e conhecemos um primeiro pedaço de sua história. Mas tudo é recapitulado no início de "Seul Contre Tous", então pode-se vê-lo independente de "Carne".E eles ligam-se a Irreversível (2005) pois o açougueiro aparece logo no início num quarto de hotel.
Em Seul Contre Tous, as imagens são impactantes, a narrativa é intensa e revela a experiência da loucura, a potencialidade traumática da imagem. A capacidade artística de Noé impressiona, porém o impacto das cenas bagunçam as emoções dos expectadores. Então, se você deseja vivenciar este PONTO, prepare-se! Se você se considera fraco, não vá!

Elenco

Philippe Nahon: The Butcher - Blandine Lenoir: His Daughter, Cynthia - Frankie Pain: His Mistress (as Frankye Pain) - Martine Audrain: His Mother-in-Law

Informações sobre o filme

Gênero: Drama extremo - Diretor: Gaspar Noé - Duração: 93 minutos - Ano de Lançamento: 1998 - País de Origem: França - Idioma do Áudio: francês - Legendas: Português


REFORÇANDO A PROPOSTA:
O Projeto PONTO tem como intenção primeira promover o acesso a cultura contra-hegemônica. Com o fechamento de salas de cinema tradicionais e a abertura de salas multiplex, um funil se criou para facilitar a imposição dos produtos da “mega-hiper-power” indústria Holliwoodiana. Produtos estes, como todos nós sabemos, repletos de ideologias, logomarcas e propagandas em suas entrelinhas. A ferida deixada pelo estacionamento feito no Cine Capitólio ainda está aberta e não é por menos. É lamentável que a arte nostálgica do cinema seja substituída pela velocidade dos filmes do agora, das “vedetes” como aponta Guy Debord. La Société du Spetacle se recria. Na década de 50 Debord já apontava a reformulação do cinema... porém ele afirmava de forma mais radical: “O cinema está morto!” (tela preta – tela branca). Titanic parece ter sido o último suspiro dos antigos salões, servindo apenas para reavivar o saudoso ritual do cinema como em “milnovecentoseantigamente”.
Chorar a saudade é necessário, mas não é a única forma de vencê-la. Precisamos nos mover e agir de forma que as coisas se movam no espiral do tempo. Se as pessoas só tem acesso a filmes estadunidenses-holliwoodianos e raramente são exibidos os filmes com outras propostas, ou melhor, filmes com ideologias não mercadológicas, o PONTO ressurge para democratizar o acesso, para ampliar o repertório e para provocar a movimentação da energia estagnada. Gratuitamente 60 pessoas poderão conferir, refletir e dialogar – o filme levanta muitas questões – sobre o “Seul Contre Tous” (Sozinho Contra Todos). Neste segundo evento, 30 ingressos serão distribuídos para convidados e 30 ingressos estarão disponíveis para os interessados em conferir o filme. Quem deseja se contaminar pela proposta e principalmente pelo conteúdo do filme exibido basta escrever para
pontocinema@gmail.com solicitando sua participação. Através do e-mail as pessoas receberão as informações de onde retirar seu ingresso e o local do evento. O PONTO É DE GRAÇA! (E.A.)

Referência:

DEBORD, GUY. La societé du spetacle, 1967 (livro), 1973 (filme).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O espiral do tempo


Este tempo em espiral gerou algumas controvérsias entre os que leram o texto de abertura do PONTO. Sim, como disseram, não posso afirmar que o tempo é um espiral! Porém, não posso crer que o tempo é uma linha vertical ou horizontal. Prefiro imaginar o tempo fazendo círculos e imaginar que cada ser é uma partícula que se move, neste louco espiral, de forma desordenada. Podemos dar voltas e voltas. Perder a sensação de andar para trás, para frente, para o lado. Podemos até pensar que estamos seguindo em frente, enquanto, na verdade, continuamos no lugar de sempre. Mas este lugar já não é o mesmo. São tantas tentativas de dominar o tempo. Mas ele sempre será uma força oculta, apenas sentida nas rugas do rosto de quem presenciou um PONTO. (O tempo em espiral: http://www.xr.pro.br/Exeriana/Dinamica.html )

E o primeiro PONTO aconteceu “em local não revelado” como citou muito bem Pablo Lisboa, no site da RádioCom – Pelotas/RS. Cidade esta que concedeu as reais possibilidades para que a idéia surgisse, fosse estudada, organizada e efetivada. Porém a mesma cidade que permite o fechamento de salas de cinema, que permite o silêncio da comunidade, Que emudece a Rádio Comunitária.

O desejo do grupo não era limitar o número de pessoas. Isso ocorreu em função das condições que dispúnhamos para este lançamento. Nossos objetivos foram alcançados, os convidados apareceram com a curiosidade que a proposta exigia. Agradecemos aos amigos que prestigiaram nossos convites. E para complementar contamos com uma presença que estava fora dos planos. Fica aqui registrado o agradecimento ao proprietário do local e a equipe que faz a “máquina girar”, cuidando dos equipamentos e dando a atenção necessária para que tudo acontecesse de forma tranqüila. A inquietude ficou mesmo por conta do filme de Gaspar Noé.

Após a exibição uma roda de conversa se fez, naturalmente, pela necessidade de expressar as múltiplas leituras. A impressão que dá, é que neste média metragem, o tempo restante que falta para que o trabalho fosse um longa, se passa no imaginário do público. Todos são contaminados pelas múltiplas informações contidas no filme e submersas no imaginário, leituras tão pessoais que somente as pessoas que as fazem são capazes de expor.

O inconsciente, como bem sabemos, não é redutível a imagens, não consiste em um tesouro de imagens, mas em uma série de marcas, impressões que fixam determinados significantes. A análise do sonho, fundadora da psicanálise, bem mostra isso: o quanto a imagem onírica é construída pela linguagem, é pictograma. (Rivera, Tânia. Rev. Dep. Psicol.,UFF v.18 n.1 Niterói jan./jun. 2006)*

As cenas que chocam na primeira seqüência, escancaram as portas do inconsciente, trazendo a tona marcas e fantasias. E sobram questões suspensas que nos levam a pensar. A concepção estética, de cores e a fotografia, muito bem utilizada por Noé colaboram para as sensações que a narrativa percorre. O cuidado em levar o expectador para os registros da dor, do sangue e da carne. As situações extremas que passam os personagens conduzem à inquietude de uma história que inacabada, se realiza no imaginário. O tempo passa muito depressa. Sente-se um vazio. O cômico surge trazido pela perversão midiática da dor e da perda, da morte tão rotineiramente banalizada. Porém, este cômico-louco vem insatisfeito com o que experimenta do mercado e da sociedade. É o louco oculto, contaminado pelo cinema. “The lunatic is in my head.”(Pink Floyd: “Brain Demage”)

RIVERA coloca a loucura do cinema, em seu artigo sobre psicanálise, partindo do filme Irreversível, também de Gaspar Noé. Citando Barthes, analisa a loucura utilizada pela indústria cultural, por Noé e consumida no PONTO:

Ora, o cinema das últimas décadas parece engajado em tentar ser "louco por natureza", ao mesmo tempo em que se caracteriza como um verdadeiro construtor de "lembranças encobridoras coletivas". Por um lado, a imagem impõe-se aí com a mesma convicção perceptiva e o misterioso agenciamento com imagens ausentes que caracterizam a lembrança encobridora, e provavelmente suscita em cada expectador um movimento análogo de evocação singular de seqüências fantasmáticas. O cinema encobre, por essa vertente, o que pode haver de traumático na imagem.

No fim da conversa, percebemos que cada um realizou sua leitura no território que lhe era seguro ou incomodativo, caminhando entre um e outro, entregando-se a vertigem do espiral do tempo. A ação rápida que aconteceu no Papuera Bar para assistir o CARNE, movimentou o espaço que existia dando um novo significado ao lugar. Os que presenciram isto, tornaram-se ao fim da vivência, PARTÍCULAS PONTO. Como disse uma amiga que não pode comparecer: “Vida longa ao . ”. O Próximo está por vir... (E.A.)

*RIVERA, Tania. Cinema e pulsão: sobre "Irreversível", o trauma e a imagem. Rev. Dep. Psicol.,UFF [online]. 2006, vol. 18, no. 1 [citado 2008-02-22], pp. 71-76. Disponível em: . ISSN 0104-8023. doi: 10.1590/S0104-80232006000100006

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

....Ponto Cinema....



A proposta deste projeto é criar espaços virtuais de cinema. E também, não só criar espaços, mas incorporar movimentações artísticas em espaços já existentes. Lugares aleatórios que ofereçam a oportunidade de ver um filme. A tecnologia de reprodução de áudio visual evoluiu muito. Neste início de século, embora que muito lento e carente para nós, dvds, tvs e computadores estão disponíveis para realizações como esta. Basta uma idéia; e o PONTO central é a multiplicidade da idéia. Que estes eventos se multipliquem com novas propostas e variações de livre criação, mas que não siga a lógica do mercado e da indústria midiática, estadunidense e opressora. A sociedade está presa aos poderes invisíveis de mantimento da ordem. Tudo exige uma programação para que o crescimento evolutivo linear permaneça organizado. E esta força, em nome da organização, aliena o ser humano. Automatismos, induções e muitas outras formas de dominação parecem imperceptíveis e até naturais. Assim é com as artes do mercado Global, assim é com a economia, política, com a música e com o cinema... esquecemos que o tempo é um espiral.


VOCÊ TEM CERTEZA QUE ESTA TUDO SOBRE CONTROLE?”


O filme desta primeira sessão conta a “ESTÓRIA DE UM AÇOUGUEIRO DE CAVALOS NO SUBURBIO PARISIENSE”, entre os anos de 1967 a 1979. Logo no início o diretor apresenta cenas violentas do cotidiano de um açougueiro, que inquietam o espectador. No decorrer deste média-metragem, uma série de situações limites se desenvolvem na trama, beirando o desconforto.

– Bebendo vinho, vestiu sua filha como mulher, sem saber o que estava por vir...



Elenco

Philippe Nahon (Açougueiro)
Blandine Lenoir (Filha do Açougueiro)
Frankie Pain (Mulher do Açougueiro)
Lucile Hadzihalilovic (Enfermeira)

Informações sobre o filme

Gênero: Média-metragem / Drama
Diretor: Gaspar Noé
Duração: 40 minutos
Ano de Lançamento: 1991
País de Origem: França
Idioma do Áudio: Francês